sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Melodia, dia a mais


'Agora a canção voltou a tocar
Não é só mais um olhar perdido
Não sou só um pedido aflito
A canção invadiu meu lar
meu corpo,
e tudo que vive em mim

Voltei a sorrir, enfim

E o meu sorriso quer pular de mim
Meus olhos que brilham
Mais que a luz daqui
Mais que os olhos da multidão
Flores e cores,
E frio no verão

Melodia, dia a mais
O tempo enfim voltou a parar
A eternidade vem nos acolher
Pra eu voar com você
Para o mais belo amanhecer
Até o fim do mundo voltar

Os braços que envolvem
Amado aconchego
Não há fim nesse apego
Não há medo que abale
O amor de nós
Não cale tua voz!

Me ame,
Me inflame
Estou pronta e eterna
Sempre, sempre
A te fitar.'



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Janela


Senti pingar uma gota, uma única gota no chão, que logo se desfez em fumaça.
Tudo que é fumaça e some aos olhos, volta cinzento ao amanhecer.
Os olhos me cercam, me fecham e massacram.
E esses são anjos caídos que Deus não quis guardar.
Tudo que pulsa, vai voltar.
Tudo que escorre, como os olhos.
Os olhos secam.
Os olhos dos outros me secam.
Estão todos me olhando, o que há?
Feche a janela!
Feche a janela!
Feche os olhos!

Pinga suave e maciço, rios e mares e areia sob os pés.
Eu sou areia.
Sou mar preso em copinho de papel.
Olhos que pulsam, dilacerando grades.
Estão todos me olhando, o que há?
Abra a janela!
Abra a janela!
Abra os olhos!

domingo, 4 de dezembro de 2011

entre,


De que adianta fingir, com sorrisos e gracinhas?
Se de manhã ainda quero fugir.
De que adianta, a mim, não pensar como é, como será?
Se já vivi, com você, e descobri o amor.
De que adianta fugir, de mim, ou de ti?
Dá na mesma, é tudo igual.
Então estou encurralada, e preciso escolher?
Deus isso é injusto, minha vida é a dois.
'Gastei toda minha sorte quando te encontrei.'

Vivo entre virgulas, assim, sonhando conciliar o amor e o sonhar.


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Muro


O menino caminha.
E o sol racha-lhe o couro ainda jovem, tão gasto. E os lobos famintos (não mais que o menino) uivam ao meio dia.
O menino pensava que na parte de cima do mundo o sol queimava mais, estava mais perto. E ele via, na plantação torrada, sua certeza pingar em gostas quentes de suor.
Mamãe apague o cigarro, o calor já não te basta?
Mas mamãe parece não ouvir o sol torrando, seu filho gritando faminto ao meio dia.
Dia e meio se passaram, e passam assim os dias ensurdecendo mamãe, cozendo o caldo ralo e papai cadê?O sol torrou?
Menino quer uma bola, que não seja como aquela logo acima do seu chapéu, quer bola pra brincar, cansou de ver agua secar.
Queria ver mamãe sorrir, queria ver a chuva cair e talvez, quem sabe assim deixaria o sol menos quente.
O menino caminha e caminhando chega num muro.

domingo, 27 de novembro de 2011

Enterra minha voz


'Quanta máquina, maquinário
Quantos sonhos no armário
Vento sopra e nada leva
Vento sopra e tudo enterra

Quantas pontes a cair
Quantas vidas tem por vir
E você tão só assim
E você tão triste assim

Pra que medo de morrer
Pra que esse entristecer
Se enterrado e frio está
Se enterrada a voz está.'



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Anjo tão meu


'Em ti eu vejo o anjo
o santo e o homem
vejo também um punhado de mim
meus sonhos e afetos

... Em ti vejo e sinto de longe (tão perto)
seus pequenos olhos me fitando
então fecho olhos e cesso lágrimas
e feito cegueira fito o céu

Em busca de ti,
encontro com Deus.
Em busca de mim,
encontro uma busca,
sem fim.'

Juliana Galante

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Fundo do poço do mundo


'Não credes que desistir é tua conduta
determina teu destino e teu carma
Viver é a mais sublime luta
corpo a corpo, arma a arma

Formidável combate contra tudo e nada
Por conseguinte a fé reluz
Afronta, tenha coragem camarada
Afoita teu medo, carrega tua cruz

Audacioso e intenso brilha com ventura
Descobre teu medo e desembaraça teu nó
Desbrava-te com bravura
varre fora todo pó

Permeia tua alma impávido e bravo
Sua intrepidez é seu maior valor
Ousadamente seja valente escravo
E deixa que o mundo condena teu temor

Enfrenta essa pasmaceira que a de vir
E chegue ao fundo do poço do mundo
Esse mundo que nos quer partir
Mas que há de vir a ser fecundo

Emudece teu rancor
Deixa o mundo a rodar
mostra todo seu fulgor
e põe brilho nesse olhar. '

Juliana Galante

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Encruzilhada dos vermes


'Que medo, que nada!
Medo agente sente enquanto sonha
na vida, no dia claro ou nublado, o medo se vai
todo o êxtase, de todo ímpeto de vida!
O que nos resta é a melancolia, ou a indiferença dos dias duplicados.

Que sonho que nada!
Sonhos se vão com a lua cheia
na minha indiferença para com a bola brilhante
criei e recriei meus recreios
os intervalos da linha ininterrupta que é essa vida

Que vida que nada!
A adoração do eterno está na morte.
No fim, no último ponto, na encruzilhada.
O vai e vem, dos espíritos que me rodeiam e
que também não tiveram vida
Viviam mortos, embora funcionando.

Eu creio nos seres ímpares!
Creio não mais, nos seres sofridos e incrédulos
Creio eu que dias ímpares existirão,
ou já existiram e se extinguiram
da face da bola nem tão azul assim.

Creio na força,
na intensidade do nosso recreio,
no descanso eterno e interno.
Pobres seres pares que limparão os escrúpulos
dos mais variados estrupícios que cá foram mortos.
Pobre de mim que luto e tenho fé!
Pobre que sou, morrerei tristonha pela ingratidão que vem a me corromper, e me consome.
Me doando firmemente a esses vermes que me comerão, com voracidade!
E me devorarão como num banquete de palácio.
O palácio que foi este meu corpo, habitado por um só verme.
O qual levo ainda dentro de minhas entranhas.
E estranham os olhos arregalados ao me olhar de dentro para fora, como sempre foi.'

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Baboseiras


'Ganha-se flores
olhares, rancores
Ganha-se grana
os 'nobres' senhores
Ganhe-se sobras
das peçonhentas cobras
Ganhe-se o resto
como forma de protesto
Ganhe-se carinho
embebido em puro vinho

Perde-se amores
e beijos, e cores
Perde-se tempo
e todo o alento
Perde-se o desejo
em um só bocejo
Perde-se a fé
água a dentro, com a maré

Perde-se sílabas
em meio a tantas baboseiras
Perde-se sílabas
Perde-se síla
Perde-se sí
Perde-se.'





domingo, 6 de novembro de 2011

Meus olhos teus



'Quis viver noutro tempo,
mas quem sabe se virá
seus olhos meus
meus olhos teus
que um dia quis roubar

Me poupar do sofrer
bem mais quero o querer
de poder sofrer mais
mas sofrer por merecer
tanto os teus olhos, rapaz

Fui capaz de querer
e querendo escolhi
esses olhos brilhantes,
me roubando de mim
E roubada senti, o amor está aqui!

Caí, despenquei
madura na tua boca
no teu braço, me desfaço
lindos olhos que comovem
me envolvem como um laço

Que medo que nada
cegueira profunda
só me faz ver a ti
que me guia, alegria
sorrisos sem fim

Meus olhos tão seus
seus olhos nos meus
cores de flores, de jardins
confundo e misturo
lágrimas, línguas, afins.'



O Homem do Pricípo ao fim



'A décima segunda guerra mundial, como todos sabem, trouxe o colapso da civilização.
Vilas, aldeias e cidades desapareceram da terra. Todos os jardins e todas as florestas foram destruídas. E todas as obras de arte.
Homens, mulheres e crianças tomaram-se inferiores aos animais mais inferiores.
Desanimados e desiludidos, os cães abandonaram os donos decaídos.
Encorajados pela pesarosa condição dos a...ntigos senhores do mundo, os coelhos caíram sobre eles.
Livros, pinturas e música desapareceram da terra e os seres humanos ficavam sem fazer nada, olhando no vazio. Anos e anos se passaram.
Os poucos sobreviventes militares tinham esquecido o que a última guerra havia decidido.
Os rapazes e as moças apenas se olhavam indiferentemente, pois o amor abandonara a terra.
Um dia uma jovem, que nunca tinha visto uma flor, encontrou por acaso a última que havia no mundo. Ela contou aos outros seres humanos que a última flor estava morrendo. O único que prestou atenção foi um rapaz que ela encontrou andando por ali. Juntos, os dois alimentaram a flor e ela começou a viver novamente...
Um dia uma abelha visitou a flor. E um colibri. E logo havia duas flores, e logo quatro, e logo uma porção de flores. Os jardins e as florestas cresceram novamente. A moça começou a se interessar pela própria aparência. O rapaz descobriu que era muito agradável passar a mão na moça. E o amor renasceu para o mundo.
Os seus filhos cresceram saudáveis e fortes e aprenderam a rir e brincar. Os cães retornaram do exílio. Colocando uma pedra em cima de outra pedra, o jovem descobriu como fazer um abrigo. E imediatamente todos começaram a construir abrigos. Vilas, aldeias e cidades surgiram em toda parte. E a canção voltou para o mundo. Surgiram trovadores e malabaristas alfaiates e sapateiros pintores e poetas escultores e ferreiros e soldados e soldados e soldados e soldados e soldados e tenentes e capitães e coronéis e generais e líderes!
Algumas pessoas tinham ido viver num lugar, outras em outro. Mas logo as que tinham ido viver na planície desejavam ter ido viver na montanha. E os que tinham escolhido a montanha preferiam a planície. Os líderes, sob a inspiração de Deus, puseram fogo ao descontentamento.
E assim o mundo estava novamente em guerra. Desta vez a destruição foi tão completa que absolutamente nada restou no mundo...
Exceto um homem. Uma mulher. E uma flor.'

Millôr Fernandes
Me deixo guiar pelo coração.
Minha fé me guia, me mostra os caminhos, certos ou não, porém escolhidos de dentro para fora de acordo com meus parâmetros do que é bom ou ruim.
Eu sigo em direção àquilo que minha alma implora.
E tenho certeza que Deus me guia, daqui de dentro da minha alma, até o encontro de toda a paz que procuro.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Senhor das cores


'Comprei um balde de tinta
só me falta saber a cor
Comentei com meu senhor :
- A vida é pálida. Quero pintar!

Meu senhor sorriu de lado,
meia boca
dente amarelo, olhos azuis
A cor começou a chegar.
Peguei pincel, puxei o céu, me pus a pintar!

Meu senhor, não fuja não
o céu logo volta pro lugar
é que esse azul tá apagado,
pare com medo, com desespero
Pegue minha mão, vou te levar!

Escolha o tom, a cor pro mar
que tal laranja?Pra alegrar!
Meu senhor, é meu amor
sabe bem como me olhar.
E essas rugas de alegria, coloriam meu lar.

Gritei com força,
em um vermelho intenso:
- Encontrei o tom!
Meu senhor corra aqui.
Meu senhor?

Meu amor?
Em um tom pálido sorriu enfim.
Meia boca, dente amarelo, olhos azuis
A tinta secou,
eu cheguei ao fim.'


Juliana Galante

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Escarros azedos


'Não sinto mais suas palavras
brancas, caladas, e enrugadas.
E seus raios macios e vermelhos
engolem meus olhos
doces e cansados.

Já sinto a agonia, sinestesia.
Me anestesia esse vazio de dores,
e o peito vazio de rancores
sem cores,
não chora mais.

Os gritos, gemidos e escarros,
todos os cigarros
vou regurgitar.
Em ância de viver sem mais vômitos,
sem mais palavras

Sem seus gostos, cheiros e desgostos.
findo assim, sem fim.
Limpando todo esse vômito

todo esse azedume que morou em mim.'

Juliana Galante

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pó de nós


'E o vento vem trazendo a brisa
E a brisa vem levando a alma
E a alma vai lavando a carne
E a carne volta para o fino pó
Pó deixando o vento só
... Só olhando tu partir
Tu partindo-me ao meio
Meio a meio, quero assim.
E querendo vou levando,
E levando chego ao fim.'

Juliana Galante

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sem mais delongas, deixa eu te acender,


Abro a porta e você chega sem bater, sem falar...
...dez minutos de silêncio.
E depois, um singelo 'oi' , que pra quem via mais parecia mudo.
Saiu entalado, raspando os canos do estômago. A garganta seca queria dizer mais, mas o coração mole, já sem forças e também cheio de confusas palavras, recitava em silêncio todo seu poema.
Em um estado de ... como é mesmo que se diz?... Sim, claro, estado de loucura insana eu quis voar em seu corpo, sugar todo seu perfume.
E esses olhos teus, pequenos, profundos e enigmaticos. Luz profunda que provoca meu instinto.
Meus cinco sentidos voltados só para você. E um sexto, cheio de flores que me deixou fixada no solo por uma eternidade de segundos e sem mais delongas, um ultimo beijo na chuva.
Coisa de cinema?
Coisa de nós dois!
Não é química, nem física. É poesia!
Seus braços como um íman vinham trémulos ao meu encontro e os meus, pobrezinhos, cheios de esperança grudavam nos teus como goma de mascar. Senti que não podia mais desgrudar, sinto muito princípe de luz.
Príncipe de fogo, és apenas um bobo e lindo, lindo!
Lindo raio da manhã que insiste em queimar meus lábios. E eu tola, toda tonta, me descabelava com seu amor.
Amor, amor, amor, amor... raio da manhã, sonho em fim de tarde, desespero e pavor.
Volta como furacão, mas você insiste em resistir, foge, se esconde e queima.
Princípe de brasa, deixa eu te acender!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sonho de sabão


'Eu quero um sonho maior que o mundo,
que não caiba na minha mão.
Que seja simples, eterno
E se aconchegue em meu coração.

... Eu quero um sonho de criança,
inocente, verdadeiro
Vou brincando de viver
e transformo o mundo inteiro.

Não faço planos
não pinto moldura
desenho, rabisco
em caderno de brochura

Vou vivendo assim
sonhando em bola de sabão
correndo, caindo
sem ter os pés no chão.'

Juliana Galante

sábado, 15 de outubro de 2011

Memórias de um canteiro


'Largue meu colo,
desenrole dos meus cabelos
cisco dos meus olhos
salte dos meus seios

razão de minhas memorias
limpe estes seus lábios
me conte outras histórias
a sós, longe dos sábios

a sós nós dois ficamos
e tão logo o terceiro
devolva estes meus ramos
que roubei do teu canteiro

Eu colo nos teus lábios
sob olhos de um terceiro
E choram meus sábios seios
entre os ramos dos teus cabelos

Ficamos sem as histórias
das memórias de um canteiro.'

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Olhos de ressaca


'Estes olhos de ressaca.
te engolem
te devoram
e regurgitam em prazer.

E o que se pode fazer?

Ah, minha bela donzela amarga
minha cachaça,
minha menina,
minha malvada!

Pulo da sacada?

Experimenta o veneno destes olhos
profundo e infame.
Enfatizando o perfume doce
dos cabelos negros, mil laços

Me jogo nos teus braços?

Malditos olhos de ressaca!
ruminando lágrimas no lençol
do mar vermelho.
No vermelho desta cama.

Me ama?

Soa inconstante, não soa?
Olhe estes dois túneis negros.
Tens medo?
Não!

Mergulho então?

Afunde.
Mas volte pra superfície
Oh, divina lágrima,
profunda fumaça

Olhos de ressaca...
deixe-o descansar
no mar. '

Juliana Galante

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

'Ah, o amor!
È sempre o amor....
Responsável por causar os sorrisos mais intensos e os sofrimentos mais eternos.
Mesmo assim, insistimos em confiar no amor..uma vez mais. E para sempre.
Se um dia desistirmos do amor, estaremos todos condenados ao vazio dos seres abióticos da terra.
... Nada há de mais contraditório e nescessário que o amor.'

Juliana Galante

domingo, 18 de setembro de 2011

Memórias das 07:15


'Acordei em desespero.
O coração pulsando, olhos arregalados no horizonte.
O relógio marcava 07:15 como na primeira manhã de inverno, juntos.
Era frio, mas insisti nos casacos, e fui ver o mar.
Na realidade, o que eu queria mesmo era ver a areia. A mais fina areia de uma praia já deserta.
Sem conchas e pedras, sem ninguém.
Sentia o vento forte se aproximando de meus cabelos grisalhos, mas desta vez ... desta única vez não me apavorei. Caminhei sem tirar os olhos do horizonte e meu corpo flutuando como bolhas de sabão.
Então, com todo aquele frio, minha alma sentia calor. O calor dos braços teus.
O fogo do teu coração junto ao meu corpo e aqueles seus olhos pequenos, sorrindo para os meus grandes e chorosos, logo acalmava minha alma.
Tirei meus casacos, em seguida meu corpo também sumiu, estava pura de vícios e matéria naquele instante.
Era apenas a mais pura e calma alma.
Caio de joelhos então, sobre a areia, minha areia. Areia que estava ainda quente, com marca de pés descalços.

Olhos abertos, redondos e imóveis. Não podia piscar!Não, não queria ver aquilo com os olhos da alma.
Minhas mãos estavam tão apertadas, um elo entre as suas, como pode...
Como pode?
Quis fechar meus olhos e voltar a ter cabelos escuros como a noite, as rugas sumiriam e tudo estaria bem como naquela manhã, ás 07:16.
Porém a praia estava fria naquele minuto, e o silencio me corroía como ácido na carne.
E, você assim como a praia, frio sublime.
Como a areia que dançava com a ventania, partiu,
Por entre os dedos de minhas mãos você se foi... não pude segurar seus pequenos grãos.'

domingo, 11 de setembro de 2011

Das memórias de um cadáver


'Hoje senti a morte me levando
Foi difícil de aceitar
mas não doeu.

Hoje senti o breu dos olhos teus
senti o hálito de enxofre e os gritos
Esta noite foi o meu caos!

A agulha furando minha goela
a pontada no ombro esquerdo
as memórias de um cadáver

Senti a escuridão me comer
e não doeu
Hoje senti os vermes me limpando
e a solidão companheira me acolheu

Esta madrugada no velório
me dá vertigem ao ouvir os améns
Sinto as velas velando
esta minha insónia eterna

Hoje guardo neste caixão
as memórias de um cadáver
e posso enfim viver morta
no meio do caos,
que é essa minha alma .'





segunda-feira, 29 de agosto de 2011

...ESPERANDO...


EU SOU UM PUNHADO DE CAQUINHOS ESPELHADOS PELO CHÃO, NA ESPERANÇA DE ACORDAR DESSE PESADELO... E SIGO ASSIM, ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... CHORANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ESPERANDO... ...

domingo, 28 de agosto de 2011

Prece em preto e branco


'Deus, me leve daqui!
Nada faz sentido agora.
E os nossos sonhos?E o nosso futuro?
E agora Deus?

Esqueci como se vive.
Esqueci de limpar meu quarto,
e meu violão que estava limpo, encheu de pó
Esqueci de me vestir, e nem notei

Não sei como se respira
Não sei mais falar
perdi a razão,o meu coração

Mas as memórias estao aqui
Pulsando, cantando pra mim
...E está tudo sem cor agora
está tudo sem cheiro, sem gosto.

Tudo está tão distante agora..
e nada faz sentido pra mim...
Meu Deus, traga de volta o meu amor
Ou me leve daqui!'

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sinfonia de uma mente desiludida


'Os ossos já partiram em desdém da carne.

As asas de morcego que insistiam em bater,

asas que se quebram tentando convergir no seu íntimo.

E gotas que não pingam, não mais orvalho de manhã.


Na minha pressa eu crescia sem saber pra onde.

Não mais

Agora tudo era real.

O medo, a inconciencia do tal modo de agir.

E debrussada sobre a mesa de vidro, onde os dedos dos pés subiam e deciam em harmonia sinfonica, como talvez não o fazia a anos.

E a beleza de poder escrever sem saber o nome do remetente, proóprio nome lhe fugira a mente.

Solidão, a amargura que não sai de minha boca.

Desilusão, danço eu, dança você.


E ela precisa de, exigir de, levar, pedir...

...só nada recebe, além de animo, vontade de

E ela deixa a desejar, desejar ardentemente, fortemente, sexualmente


Dói o peito, como dói a perda da atenção cobiçada.

E ao apetecer em desejo ardente,

desejo mortal

morte, amor carnal, vital

Nada se tem, além de desilusão.'

sábado, 16 de julho de 2011

Conhecer, para julgar.


Durante minha vida vegana venho observando o préconceito das pessoas mais distantes e principalmente das pessoas mais próximas, no sentido da não compreensão do que é o veganismo, julgando essa opção alimentar e filosófica como prejudicial a saúde. E isso me preocupa um pouco.
Entretanto, nunca estive tão feliz com o rumo que dei a minha vida, com a minha filosofia de vida, digamos assim, tanto corporal quanto espiritualmente.

Para esclarecer as duvidas, tentar abrir a mente de todos os amigos, familiares e afins e principalmente para acalmar e tranquilizar a todos quanto a saude de um vegano, vou postar hoje algumas matérias sobre o veganismo.

Espero que leiam, e que ajude a entender o que é veganismo, assim como os benefícios que essa filosofia de vida tem, e claro, acabar com esse pré-conceito e esse medo sem fundamento.

Matéria sobre o veganismo (leiam a matéria inteira)

http://saude.hsw.uol.com.br/naturalismo.htm

Matéria sobre o cálcio na dieta vegana

http://www.ivu.org/portuguese/trans/tva-diaryfree.html

A ADA (American Dietetic Association) apoia o vegetarianismo

http://www.avp.org.pt/node/45


Veganismo ajudam no rendimento de vários atletas

http://www.babby66.com/index.php/esporte-saudavel/nutricao/veganismo-conquista-aceitacao-de-atletas-de-alto-rendimento-como-a-tenista-martina-navratilova/

Tese de mestrado de um advogado vegano

h
ttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp000569.pdf




domingo, 29 de maio de 2011

A ultima utopia


‘Sonhos, momentos que se perdem

na fumaça

Me lembro dos medos e lamentos do mundo

A Terra se foi.

A esperança e a paz se foram com o vento

Lágrimas sofridas dos humanos

na desgraça.


O que faremos nós, Deus?

O que os ventos querem nos dizer?


Paz, paz!

Querem paz, mas lutam com armas de fogo

Fé! Amor!

Suor, para correr entre mais mortos.

Em meio a gritos de agonia e pavor!


O que faremos nós, Deus?

O que os ventos querem nos dizer?


Me lembro dos anjos vindo te buscar

Entre arranhoes e sangue frio

Lutando a favor do mundo

Que cai de joelhos e implora!


Paz!Paz!

Em meio a bombas e tiros

Fé!Amor!

Em meio a gritos de agonia e pavor!


Mamãe diz que os sonhos se vão

Mortes inocentes, crianças que choram

Lamentam em vão.


E os anjos de preto dizendo amém

Sétimo dia do mundo

A oração final, o medo do adeus

Óh Deus, vem salvar!


O que faremos nós, Deus?

O que os ventos querem nos dizer?


Paz!Paz!Òh Deus!

Fé!Amor!Adeus!’

domingo, 17 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Olhos de avestruz


A insignificância, o modo de esconder o cabelo dentro da blusa, oculto, que não se vê facilmente, que não está à vista.

O jogo das escondidas, brinquedo infantil em que as crianças, todas menos uma, se escondem para serem achadas por esta. Às escondidas, ocultamente, em segredo está o olhar de avestruz que já se sobressai. Mas nunca sai.

Depois de muito pesar os pesares, o corpo dói. Não é para menos. Me diga, quem aguenta tanta picada de abelhudo? A pele avermelha, cor rubra, e a dor é insuportável quando se deixam ferroadas. Esses abelhudos não se vão quando me furam. Se vão sim, mas em vão, lá para o céu dos desmamados.
Não há mais nuvem cobrindo o auto-herói das aparências. Não vou mais lhes emprestar minha auto-ajuda, por nada.

Eu, já não mais avestruz, vou sair dos eixos, proceder de maneira não condizente com o caráter e os hábitos próprios. Sair à luz, nascer. Sair da casca, abandonar a introspecção, romper o silêncio.

Em sussurros medonhos vos digo, adeus.

Ufa!Vou-me embora!
Em grito de alivio, com gotas de veneno, caem, escorrem sob o chão.
È no incerto que não há macacos pendurados nos ombros, pesados, tão pesados.
Esses macacos não são meus!

Procuro ruas, entre vielas e vejo muitos se esfarrapando pelo chão. Escolho a solidão!

Prefiro caminhos estreitos, a ter que me esconder entre ‘pessoas-macacos’ por aqui.

Por fim, acabou o jogo de tabuleiro, que consiste em dizer o contrário do que as palavras significam.

Pro lixo a zombaria, o sarcasmo!Que vomitem a ironia amarga, para o bem maior, o que é bem melhor.

E que nunca mais ouçam.

Entender, perceber os sons pelo sentido do ouvido, da audição, atender, escutar. Escutar os conselhos, as razões de... Receber o depoimento, inquirir o ruido de quem sobrecarregou os olhos. E se foi.