segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Castelo azul



'Eu tinha construido um castelinho.
Um lindo castelinho.
Ele era azul escuro, com flores no jardim.

Um belo dia, ele explodiu.

Sim, parece que tacaram uma bomba nele da noite para o dia

E num piscar de olhos tudo desabou...

O problema, é que eu estava morando lá, e fiquei sem abrigo.
Hoje estou morando no vazio que sobrou do meu castelo.

No vácuo, no rastro dos pedaços, dos destroços que sobraram.

Não sei se devo recontrui-lo, ou se posso fazer isso.

Ou apenas guardar os cacos, no vácuo que sou eu.
O problema é que o castelo era o que eu tinha de mais acolhedor na vida.

A vida de um dia no vácuo dói.
E os pedaços do castelo, onde estou deitada agora, são uma esperança.

Uma esperança de um ponto final, ou de uma virgula.

Uma virgula não seria nada mal.

Mas meu castelo não fala, e não sei o que ele quer de verdade.
Só sinto.

Sinto que o fim não chegou, não era hora, foi de supetão...

E ninguém mandou.'


Juliana Galante

SURPRESA!


‘Hoje, eu tô buscando forças pra conseguir acordar amanha.

È tudo tão recente, tão sensível.

A pele rasgando como tecido velho, o coração parece uma laranja murchando, cada bater é mais lento. E não sinto dor, o que não é bom!

Não sinto nada.

Não vejo, não ouço, não sinto nada.

É como se eu acabasse de ganhar um presente, e abrisse com voracidade, e lá dentro do pacote tivesse a surpresa mais marcante da minha vida, aquela que jamais esperei. Mas não era um presente, e a surpresa foi a pior possível.

Estou fraca, estou sem rumo, sem chão.

Não sei que dia é hoje, nem amanha..e nem quero saber.

Não sei o que fiz, o que vou fazer.

Acabou as forças, as palavras.

Então paro por aqui.’