quarta-feira, 16 de abril de 2014

renascer das cinzas

Queria ter uma borracha bem gigante, maior que meu coração e apagar tudo que se foi e que volta sempre rabiscando meu peito.
Queria muito, mais que o mundo, não ser de borracha e esfarelar com tanto rabisco em mim.
Queria apagar as pessoas do mundo e deixar tudo em paz, como quando criança sorri com os olhos. Queria ter olhos de criança e sorrir, não tenho esses olhos de hoje, não me encontro neles, cinzentos e tão secos.
Preciso de mais líquido pra umidificar o ar que me levanta e me faz cair, seca, dura, esfarelada no chão.
Porque as mágoas sempre voltam em mim como cachoeira congelada?
Porque aquele que já se foi quer me castigar?
Porque sempre tem alguma coisa pulsando querendo tomar o meu lugar?
Eu quero ir.
Cansei de ficar atrás.

domingo, 6 de abril de 2014

:o)

Um pequeno ponto vermelho em mim e tudo muda.
Volto a ser, em essência o que fui e sou. Sem receios. Inocente, puramente eu.
Um pequeno ponto no meio da cara está me fazendo mais viva que o mundo cor de pele.

Voltando a respirar, aos poucos. Ufa!

Dança pessoal

Em cada passo que almejo me descubro... pouca coisa.
Me vejo andando vagando só, sempre e só. Não desejo multidões. Não faz bem.
Já não desejo quase nada, nada já tive muitas vezes. 
Quero algo mais abstrato, menos completo, menos complexo talvez, apenas o certo é não querer?
Não quero olhares piedosos, não para mim. Eu não gosto do que é aparência. Eu não gosto de senso comum. Eu não ligo pra carência, demência ou mal algum. Eu não quero elegância. Eu não gosto dos famosos. Eu não ligo pra maiorias. Não me gabo de bons feitos.
Eu gosto das marcas, da carne pintada de verdades e gosto dos que me odeiam.
Gosto de quem passa fome, mas não come do prato comum do lixo que esbanjam os engomados.

Quero dançar aquilo que me procura com exatidão, e que não recuo amedrontada. Não mais.

Quero dançar aos meus cadáveres e ao pó que escorre de fora para o ventre agora.
Eu dançarei em teu nome vão, morto e pisado mil vezes. Negro pecado, dor e perdão.