sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Encruzilhada dos vermes


'Que medo, que nada!
Medo agente sente enquanto sonha
na vida, no dia claro ou nublado, o medo se vai
todo o êxtase, de todo ímpeto de vida!
O que nos resta é a melancolia, ou a indiferença dos dias duplicados.

Que sonho que nada!
Sonhos se vão com a lua cheia
na minha indiferença para com a bola brilhante
criei e recriei meus recreios
os intervalos da linha ininterrupta que é essa vida

Que vida que nada!
A adoração do eterno está na morte.
No fim, no último ponto, na encruzilhada.
O vai e vem, dos espíritos que me rodeiam e
que também não tiveram vida
Viviam mortos, embora funcionando.

Eu creio nos seres ímpares!
Creio não mais, nos seres sofridos e incrédulos
Creio eu que dias ímpares existirão,
ou já existiram e se extinguiram
da face da bola nem tão azul assim.

Creio na força,
na intensidade do nosso recreio,
no descanso eterno e interno.
Pobres seres pares que limparão os escrúpulos
dos mais variados estrupícios que cá foram mortos.
Pobre de mim que luto e tenho fé!
Pobre que sou, morrerei tristonha pela ingratidão que vem a me corromper, e me consome.
Me doando firmemente a esses vermes que me comerão, com voracidade!
E me devorarão como num banquete de palácio.
O palácio que foi este meu corpo, habitado por um só verme.
O qual levo ainda dentro de minhas entranhas.
E estranham os olhos arregalados ao me olhar de dentro para fora, como sempre foi.'

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