quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Muro


O menino caminha.
E o sol racha-lhe o couro ainda jovem, tão gasto. E os lobos famintos (não mais que o menino) uivam ao meio dia.
O menino pensava que na parte de cima do mundo o sol queimava mais, estava mais perto. E ele via, na plantação torrada, sua certeza pingar em gostas quentes de suor.
Mamãe apague o cigarro, o calor já não te basta?
Mas mamãe parece não ouvir o sol torrando, seu filho gritando faminto ao meio dia.
Dia e meio se passaram, e passam assim os dias ensurdecendo mamãe, cozendo o caldo ralo e papai cadê?O sol torrou?
Menino quer uma bola, que não seja como aquela logo acima do seu chapéu, quer bola pra brincar, cansou de ver agua secar.
Queria ver mamãe sorrir, queria ver a chuva cair e talvez, quem sabe assim deixaria o sol menos quente.
O menino caminha e caminhando chega num muro.