quinta-feira, 14 de abril de 2011

Olhos de avestruz


A insignificância, o modo de esconder o cabelo dentro da blusa, oculto, que não se vê facilmente, que não está à vista.

O jogo das escondidas, brinquedo infantil em que as crianças, todas menos uma, se escondem para serem achadas por esta. Às escondidas, ocultamente, em segredo está o olhar de avestruz que já se sobressai. Mas nunca sai.

Depois de muito pesar os pesares, o corpo dói. Não é para menos. Me diga, quem aguenta tanta picada de abelhudo? A pele avermelha, cor rubra, e a dor é insuportável quando se deixam ferroadas. Esses abelhudos não se vão quando me furam. Se vão sim, mas em vão, lá para o céu dos desmamados.
Não há mais nuvem cobrindo o auto-herói das aparências. Não vou mais lhes emprestar minha auto-ajuda, por nada.

Eu, já não mais avestruz, vou sair dos eixos, proceder de maneira não condizente com o caráter e os hábitos próprios. Sair à luz, nascer. Sair da casca, abandonar a introspecção, romper o silêncio.

Em sussurros medonhos vos digo, adeus.

Ufa!Vou-me embora!
Em grito de alivio, com gotas de veneno, caem, escorrem sob o chão.
È no incerto que não há macacos pendurados nos ombros, pesados, tão pesados.
Esses macacos não são meus!

Procuro ruas, entre vielas e vejo muitos se esfarrapando pelo chão. Escolho a solidão!

Prefiro caminhos estreitos, a ter que me esconder entre ‘pessoas-macacos’ por aqui.

Por fim, acabou o jogo de tabuleiro, que consiste em dizer o contrário do que as palavras significam.

Pro lixo a zombaria, o sarcasmo!Que vomitem a ironia amarga, para o bem maior, o que é bem melhor.

E que nunca mais ouçam.

Entender, perceber os sons pelo sentido do ouvido, da audição, atender, escutar. Escutar os conselhos, as razões de... Receber o depoimento, inquirir o ruido de quem sobrecarregou os olhos. E se foi.