segunda-feira, 6 de julho de 2009

Minha juventude envelhecida


“Estou com medo da velhice.
Não da velhice em si, mas de envelhecer
Não exatamente o ato de envelhecer,
Mas de no futuro, lembrar desses dias atuais, e ainda ter vontades escondidas.

Lembrar de não ter feito o que quis fazer nesse tempo juvenil
Não ter amado quem eu realmente amo,
Não ter lutado pelos meus ideais
Ter perdido a chance de dizer algo, algum momento especial, perdido um abraço do ser amado

Ou, pior ainda, trocado o ser especial por um, dois, três... Quinze meninos belos!
Meninos de quem eu gostei, com certeza, porém não mais do que gostei apenas
Amor, amor mesmo, só um.

Um amor, não amado... Não retribuído, escondido, machucado
Porém, o que me conforta, e o que me dói
É saber que me amaram um, dois, três... Quinze meninos bonitos, que eu provavelmente desprezei...
Saber que depois de um, dois, três meses no máximo, inventei qualquer desculpa e os deixei só
E o que vai me doer mais, é saber que além de tudo isso, generosa, e caridosa que sou
Penteando meus cabelos grisalhos, a contar minhas rugas nos espelhos, com a memória já desfavorecida me lembrarei desses quinze belos rapazes, e do amor que os neguei, só para partir (para sempre) carregando a certeza de que fui fiel ao meu amor, única e exclusivamente,
Porém não pude amá-lo.

A velhice me incomoda,
Incomoda-me saber que meu rosto não será belo para sempre
Incomoda-me saber, que o tempo afasta as pessoas.
Sim, sei que é inevitável
Mas sei também, que é inaceitável poder ter quem se ama por apenas algumas semanas
Assim, foi comigo

Sinto-me jovem fisicamente, e os meus rapazes concordam, porém me sinto velha por dentro
O que é inadmissível, porém é real! ”

Juliana Galante

Um comentário:

Le fils de la mort disse...

Existe um bom aspecto quando se fica muito tempo sem visitar um blog como o seu: ao voltar, é possível ficar ainda mais maravilhado com seu talento, que não chamo "de ouro" porque nem o mais nobre metal é digno dele.

Esse poema em particular expressa muito bem medos que, creio eu, assombram, de um modo ou de outro, a mente de todas as pessoas. E o mais interessante é você focar na problemática do amor juvenil, que fatalmente provoca arrependimentos e nos traz certa nostalgia.

Combinando um pouco de melancolia com aquela clareza poética que lhe é própria, você conseguiu transcrever em belíssimos versos sentimentos que por vezes ficam presos no fundo de nossas almas e relutam a vir à tona.

Só me resta, como sempre, dar-lhe parabéns e desejar que sua sensibilidade permaneça consigo, pois é desse tipo de visão que tanto precisamos. Beijos, até a próxima!