domingo, 6 de abril de 2014

Dança pessoal

Em cada passo que almejo me descubro... pouca coisa.
Me vejo andando vagando só, sempre e só. Não desejo multidões. Não faz bem.
Já não desejo quase nada, nada já tive muitas vezes. 
Quero algo mais abstrato, menos completo, menos complexo talvez, apenas o certo é não querer?
Não quero olhares piedosos, não para mim. Eu não gosto do que é aparência. Eu não gosto de senso comum. Eu não ligo pra carência, demência ou mal algum. Eu não quero elegância. Eu não gosto dos famosos. Eu não ligo pra maiorias. Não me gabo de bons feitos.
Eu gosto das marcas, da carne pintada de verdades e gosto dos que me odeiam.
Gosto de quem passa fome, mas não come do prato comum do lixo que esbanjam os engomados.

Quero dançar aquilo que me procura com exatidão, e que não recuo amedrontada. Não mais.

Quero dançar aos meus cadáveres e ao pó que escorre de fora para o ventre agora.
Eu dançarei em teu nome vão, morto e pisado mil vezes. Negro pecado, dor e perdão.

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