quarta-feira, 28 de setembro de 2011

'Ah, o amor!
È sempre o amor....
Responsável por causar os sorrisos mais intensos e os sofrimentos mais eternos.
Mesmo assim, insistimos em confiar no amor..uma vez mais. E para sempre.
Se um dia desistirmos do amor, estaremos todos condenados ao vazio dos seres abióticos da terra.
... Nada há de mais contraditório e nescessário que o amor.'

Juliana Galante

domingo, 18 de setembro de 2011

Memórias das 07:15


'Acordei em desespero.
O coração pulsando, olhos arregalados no horizonte.
O relógio marcava 07:15 como na primeira manhã de inverno, juntos.
Era frio, mas insisti nos casacos, e fui ver o mar.
Na realidade, o que eu queria mesmo era ver a areia. A mais fina areia de uma praia já deserta.
Sem conchas e pedras, sem ninguém.
Sentia o vento forte se aproximando de meus cabelos grisalhos, mas desta vez ... desta única vez não me apavorei. Caminhei sem tirar os olhos do horizonte e meu corpo flutuando como bolhas de sabão.
Então, com todo aquele frio, minha alma sentia calor. O calor dos braços teus.
O fogo do teu coração junto ao meu corpo e aqueles seus olhos pequenos, sorrindo para os meus grandes e chorosos, logo acalmava minha alma.
Tirei meus casacos, em seguida meu corpo também sumiu, estava pura de vícios e matéria naquele instante.
Era apenas a mais pura e calma alma.
Caio de joelhos então, sobre a areia, minha areia. Areia que estava ainda quente, com marca de pés descalços.

Olhos abertos, redondos e imóveis. Não podia piscar!Não, não queria ver aquilo com os olhos da alma.
Minhas mãos estavam tão apertadas, um elo entre as suas, como pode...
Como pode?
Quis fechar meus olhos e voltar a ter cabelos escuros como a noite, as rugas sumiriam e tudo estaria bem como naquela manhã, ás 07:16.
Porém a praia estava fria naquele minuto, e o silencio me corroía como ácido na carne.
E, você assim como a praia, frio sublime.
Como a areia que dançava com a ventania, partiu,
Por entre os dedos de minhas mãos você se foi... não pude segurar seus pequenos grãos.'

domingo, 11 de setembro de 2011

Das memórias de um cadáver


'Hoje senti a morte me levando
Foi difícil de aceitar
mas não doeu.

Hoje senti o breu dos olhos teus
senti o hálito de enxofre e os gritos
Esta noite foi o meu caos!

A agulha furando minha goela
a pontada no ombro esquerdo
as memórias de um cadáver

Senti a escuridão me comer
e não doeu
Hoje senti os vermes me limpando
e a solidão companheira me acolheu

Esta madrugada no velório
me dá vertigem ao ouvir os améns
Sinto as velas velando
esta minha insónia eterna

Hoje guardo neste caixão
as memórias de um cadáver
e posso enfim viver morta
no meio do caos,
que é essa minha alma .'